Nesse fim de ano, eu fiz 30 anos. Não que isso signifique muito
pra mim, afinal, é só mais um número pra coleção de números da minha
vida. Mas é estranho; parece que fazer 30 anos tem muito mais
significado para os outros.
Há algumas semanas, as pessoas vêm me perguntando como me sinto
prestes a fazer 30 anos, prestes a me tornar uma balzaquiana, preste a
isso, a aquilo… enfim…
Sinceramente, me sinto do mesmo jeito que me senti quando fiz 18,
outro número supostamente marcante: nada muda. Aliás, talvez mude sim,
já que agora passarei a usar o Chronos 30 da Natura ao invés do 25,
mas, de resto, tudo permanece igual.
Quando eu era pequena, ficava imaginando como seria minha vida aos
18 anos. Em minha cabeça louca e criativa de criança, passavam imagens
todas prateadas, futurísticas, roupas metálicas, naves… resumindo:
Jetsons. Cheguei aos 18 anos e o mundo continuava do mesmo jeito que eu
o conheci quando nasci.
É, tirando algumas poucas mudanças “revolucionárias”, como o
surgimento da “incrível” internet, agora, aos 30 anos, vejo que é
verdade, as coisas não mudam. O que mudam, no máximo, são os nomes (mas
por essa etapa, eu passei aos 12 anos) e a forma como vemos as coisas…
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Sobre Os Correios
Vou confessar uma coisa: eu sinto falta de escrever cartas. Sim,
mesmo respirando tecnologia quase que 24 horas por dia, o que me
aproxima de 90% das pessoas pra quem eu gostaria de escrever, sinto
falta de escrever cartas para elas.
Não sou tão velha assim, mas sou do tempo em que…
…quando queriam ganhar um brinquedo, as crianças mandavam cartinhas para o programa de sua apresentadora infantil preferida.
… para participar de promoções, as mães recortavam embalagens de macarrão e mandavam para uma determinada caixa postal até uma data específica e ficavam ansiosas pelo sorteio ao vivo no intervalo da novela das oito.
… os casais apaixonados escreviam suas declarações por cartas enviadas sempre em papéis bonitos e, às vezes, até perfumados.
… os que queriam se declarar, mas não tinham coragem, escreviam cartas que dificilmente seriam enviadas.
… amigos distantes contavam novidades por cartas que demoravam a chegar. Mal recebíamos uma, já ficávamos à espera do que viria nas próximas.
… amigos adolescentes trocavam segredos por cartinhas em folhas de caderno arrancadas durante a aula.
… colecionávamos os mais belos papéis para enviar às pessoas mais queridas.
Não que eu não goste da facilidade e da rapidez com que a internet me proporciona acesso às pessoas queridas (ou não), mas há certa impessoalidade nestas relações, certo distanciamento.
Cada vez que vejo um recado, um post, um tweet, fico imaginando como seria a letra de quem escreve – será a caligrafia redondinha ensinada antigamente na escola ou a letra de forma objetiva ou a incompreensível letra de médico? -, em que papel estariam escritas aquelas palavras… será que, no espaço da página em branco, seriam mesmo aquelas as palavras escolhidas….
Quando eu era adolescente, havia seções em algumas revistas (como a Rock Brigade) destinadas à troca de correspondência. Funcionava assim: caso quisesse se corresponder com pessoas de diversos lugares, com interesses em comum, você mandava seu endereço para a seção e, depois de publicado, as pessoas começavam a trocar cartas. Era o tal do penpal americano em verão nacional. Nunca mandei meu endereço por não gostar da exposição, mas, certa vez, no curso de inglês, a professora passou o endereço de uma garota que morava em New Jersey e que gostaria de se corresponder com os alunos. Aproveitando a oportunidade para treinar nosso inglês, eu e os outros alunos começamos a escrever.
A ansiedade adolescente deixava a situação ainda mais emocionante: eu não só receberia uma carta, como ela viria de outro país, escrita em outro idioma… Como se New Jersey fosse na esquina da minha casa, todos os dias, eu esperava ansiosa que o porteiro colocasse embaixo da porta o envelope branquinho com o selinho colorido e o carimbo vermelho com a data.
Tenho até hoje as cartas que recebia da Nicole – sim era esse o nome da minha penpal friend, assim como tenho guardadas muitas das cartinhas que recebi nesses quase 30 anos de vida… Reler certas palavras, rever letras que uma vez foram tão comuns para mim, lembrar assuntos e segredos tão inocentes, lembrar de pessoas que já se foram… É, é disso que eu sinto falta, de ter os sentimentos e as pessoas, de alguma forma, para sempre presentes na minha vida.
Não sou tão velha assim, mas sou do tempo em que…
…quando queriam ganhar um brinquedo, as crianças mandavam cartinhas para o programa de sua apresentadora infantil preferida.
… para participar de promoções, as mães recortavam embalagens de macarrão e mandavam para uma determinada caixa postal até uma data específica e ficavam ansiosas pelo sorteio ao vivo no intervalo da novela das oito.
… os casais apaixonados escreviam suas declarações por cartas enviadas sempre em papéis bonitos e, às vezes, até perfumados.
… os que queriam se declarar, mas não tinham coragem, escreviam cartas que dificilmente seriam enviadas.
… amigos distantes contavam novidades por cartas que demoravam a chegar. Mal recebíamos uma, já ficávamos à espera do que viria nas próximas.
… amigos adolescentes trocavam segredos por cartinhas em folhas de caderno arrancadas durante a aula.
… colecionávamos os mais belos papéis para enviar às pessoas mais queridas.
Não que eu não goste da facilidade e da rapidez com que a internet me proporciona acesso às pessoas queridas (ou não), mas há certa impessoalidade nestas relações, certo distanciamento.
Cada vez que vejo um recado, um post, um tweet, fico imaginando como seria a letra de quem escreve – será a caligrafia redondinha ensinada antigamente na escola ou a letra de forma objetiva ou a incompreensível letra de médico? -, em que papel estariam escritas aquelas palavras… será que, no espaço da página em branco, seriam mesmo aquelas as palavras escolhidas….
Quando eu era adolescente, havia seções em algumas revistas (como a Rock Brigade) destinadas à troca de correspondência. Funcionava assim: caso quisesse se corresponder com pessoas de diversos lugares, com interesses em comum, você mandava seu endereço para a seção e, depois de publicado, as pessoas começavam a trocar cartas. Era o tal do penpal americano em verão nacional. Nunca mandei meu endereço por não gostar da exposição, mas, certa vez, no curso de inglês, a professora passou o endereço de uma garota que morava em New Jersey e que gostaria de se corresponder com os alunos. Aproveitando a oportunidade para treinar nosso inglês, eu e os outros alunos começamos a escrever.
A ansiedade adolescente deixava a situação ainda mais emocionante: eu não só receberia uma carta, como ela viria de outro país, escrita em outro idioma… Como se New Jersey fosse na esquina da minha casa, todos os dias, eu esperava ansiosa que o porteiro colocasse embaixo da porta o envelope branquinho com o selinho colorido e o carimbo vermelho com a data.
Tenho até hoje as cartas que recebia da Nicole – sim era esse o nome da minha penpal friend, assim como tenho guardadas muitas das cartinhas que recebi nesses quase 30 anos de vida… Reler certas palavras, rever letras que uma vez foram tão comuns para mim, lembrar assuntos e segredos tão inocentes, lembrar de pessoas que já se foram… É, é disso que eu sinto falta, de ter os sentimentos e as pessoas, de alguma forma, para sempre presentes na minha vida.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
O botão. As pessoas.
Eu não gosto de botão. Não é por nada, eu até sei que são importantes, mas eles caem. E quando caem, perdem-se. E quando perdem-se, nunca mais se encontra um igual. E aí, ficamos lá, com a casinha sem o botão.
De repente, a gente tá andando sem pensar em nada e encontra o botão perdido. O botão perdido que nunca mais achará sua casinha. É. Já trocamos os botões, já doamos a roupa...
E o que se faz com o botão encontrado? Tem gente que faz colar. Mas um colar de botões encontrados é só um colar de botões perdidos que nunca mais serão encontrados.
De repente, a gente tá andando sem pensar em nada e encontra o botão perdido. O botão perdido que nunca mais achará sua casinha. É. Já trocamos os botões, já doamos a roupa...
E o que se faz com o botão encontrado? Tem gente que faz colar. Mas um colar de botões encontrados é só um colar de botões perdidos que nunca mais serão encontrados.
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