Pergunte a uma criança em fase escolar qual é a matéria que ela mais gosta e você ouvirá rapidamente: "Educação Física!". Eu, mais uma vez contrariando as estatísticas, nunca gostei dessa matéria. Na verdade, eu odiava.
Aulas de Educação Física são realmente torturantes para qualquer pessoa que, como eu, não tenha um pingo de habilidade para os esportes "normais". Parece que todo mudo nasce para jogar vôlei, futebol, basquete, handball... e fazer ginástica olímpica.
Óbvio que das duas vezes que fiquei de recuperação na escola, uma foi em Educação Física, graças à digníssima professora Regina que insistia em me tornar uma Daiane dos Santos.
Tínhamos aulas duas vezes por semana numa quadra cheia de pensamentos positivos sobre o esporte, tipo "Mente sã e corpo são". Uma das aulas era repleta de jogos com bola e outra de exercícios de ginástica olímpica. Não importa: nas aulas, eu ia muito bem até o aquecimento; depois, era uma tortura!
Nos jogos, como todo loser, eu sempre era a última a ser escolhida e, muitas vezes, ficava na reserva, no rodízio, em qualquer lugar... Mas eu ficava brava? Claro que não! Eu prefiria ficar lá vendo as meninas se matarem pra pegar uma bola e ficar com o braço roxo a ser a menina que ficaria com o braço roxo. Cheguei a ouvir de uma professora (excelente pedagoga, com muita noção de psicologia) que seria melhor eu jogar de costas pra rede, já que com minhas manchetes as bolas sempre iam para trás.
Espírito esportivo? Ah, era comigo! Um dia, queimei a menina mais forte da escola, mas como eu era a "loser", ela disse que não foi queimada. Como a bola estava na minha mão na hora da discussão, não tive dúvida: taquei com toda a força no meio da cara da "bonita" e ainda soltei um: "Pronto, queimei. Agora, você tá queimada!" Jogo de handball: "Passa logo a bola, Potira." Eu tinha acabado de colocar a mão na bola. Resultado: bola de handball no estômago da companheira de time, tacada com uma força tão grande que eu acho que não era minha.*
Como se não bastasse isso, ainda era obrigada a dar uma de Danielle Hipólito em treinos e apresentações com música e tudo mais. A tal da Regina armava cavalos, travas de equilíbrio e éramos obrigadas a dar saltos, cambalhotas, estrelas em cima dessas coisas, sem nunca termos sequer andado na trave de equilíbrio. Sem falar, já no colegial, na "tradicional" dancinha de comemoração do dia do Mackenzista, mas isso rende outro post!
Mas o melhor mesmo era o fim do bimestre quando éramos submetidas a provas de corrida, flexão, salto e abdominais. Com uma tabela e uma prancheta em punho, a infeliz verificava qual era o número ideal de flexões e abdominais que deveríamos fazer, além da distância e velocidade em que deveríamos correr. Como eu sempre fui grande e magra, minhas metas eram sempre dignas de atletas do primeiro escalão, o que significava que eram impossíeis pra mim. Assim, foi graças a essas malditas provas que consegui tirar 4.8 e ficar de recuperação.
Graças a Deus, a recuperação era uma prova escrita sobre regras de basquete. Tirei 10.
Aí, eu me pergunto: não podia ter sido tudo assim por escrito pra quem não tem aptidão?! Não poderia ter esportes alternativos, como patins in-line, skate, capoeira, judô, etc?!
Por muito tempo, a educação física foi pra mim uma humilhação e me botava um rótulo de "loser" na testa. Mas, como eu era um pouco esperta e, enquando alguns só exercitavam os músculos, eu também exercitava o cérebro, percebi que eu até poderia ser uma "loser" nos fundamentos do vôlei, mas andava bem de skate e de patins, coisas em que mais da metade da sala não sabia nem mesmo se manter em pé. E ainda fazia algo que ninguém no colégio fazia: jogava capoeira, fazia estrelinha (aú, na capoeira) no chão bem feita, nada de trava de equilíbrio ao som de Enya!
A escola é realmente muito injusta, viu?! Todo mundo nivelado de acordo com um mesmo padrão e, pior, avaliado por provas como se fosse uma inspeção do Inmetro.
Por que a tal da Regina nunca me deu um skate na Educação Física pra eu mostrar o que realmente sabia e gostava de fazer?!
* Vantagem de ser quieta: você nunca apronta descaradamente, então quando apronta, todo muno diz: "Ah, não, a Potira não fez isso, ela é muito na dela, tranquila." Ah, tá bom...
4 comentários:
Olá, moça. Adorei seu blog de verdade. Também fui pra Oktoberfest com 10 anos, nunca gostei da educação física, tive aquele radinho da foto. Mas parece que você precisa se resolver com sua infância, hein?
Tudo de bom - li um belo blog hoje.
Oi, moço-micróbio!
Então, valeu por ter lido, gostado e comentado! Mas a minha infˆnacia foi ok, tá resolvida, eu me divirto às custas dela, só isso... rs...
Também tenho lido seu blog e achado bem interessante.
Valeu!
O remédio pra minha falta de habilidade nos desportos escolares, pelo menos no futebol, foi jogar no gol. Quando perdi o medo das bicudas dos repetentes, me tornando o melhor goleiro da classe, era o primeiro a ser escolhido. Joguei campeonatos, "contras" e as minas até me respeitavam (isso não significa que as beijei tão logo).
Ah, mas meninas (não as minas) sempre me requisitavam para a boa e velha queimada. É, omicrobio, eu é que tenho que me resolver com a minha infância...
Nossa, achei seu blog porque estava procurando algumas fotos de educação física pra colocar em meu blog, quando encontro esse POST divino!!
Passei por todas as humilhações que vc passou na infância mais precisamente nas aulas de ed. fisica, e como diz o coments acima preciso resolver sobre minha infância.. será que uma terapia me ajudaria?
Mas isso ficou TANTO em meu inconsciente, que IREI cursar ed.fisica, só pra agir diferente desses professores traumáticos!
Eu não era boa nos esportes NORMAIS, mas em outros esportes eu era..
Aonde que esses professores tiram que ed.fisica é só jogar bola hein..
Hehe..
Amei seu blog..
Beijos linda
Feliz Natal e um 2011 ABENÇOADISSIMO PRA VC!
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