segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ora, botas!

Com a chegada do inverno, as ruas começam a ser invadidas por casacos, blusas de lã e as "indispensáveis" (?) botas.

A primeira vez que usei uma bota na vida foi uma experiência terrível. Era pequena e a recomendação médica pra resolver meu problema de pé chato era o uso de botas ortopédicas.

No processo inicial da confecção da bota, feita sob medida para o meu pé chato, eu até me divertia. A vendedora colocava meu pé sobre um papel com um carbono embaixo pra fazer o molde, e ver meu pé desenhado numa folha de papel era bem legal. Porém, o que vinha depois era só choro e dor.

Além de machucar o pé e causar dores horríveis depois de um dia todo de uso, eu sempre fui magra e, na infância, isso era muito pior, então imagine a cena: uma menina de uns 6 anos, com um corpinho de filé de borboleta e dois cambitinhos finos, usando um vestido lindo para ir à igreja no sábado de manhã, porém calçando uma bota preta horrorosa (bom, a da minha coleguinha de escola Mirella era branca, muito pior... rs)! Ninguém olhava pro vestido, só pra minha perna fina tentando carregar aquela bota, caramba!

Depois de uma visita a um massagista japonês maluco, a bota foi jogada no lixo, o pé foi consertado e a minha saga à procura da botinha perfeita começou.

Ainda quando criança, meu ideal de bota perfeita eram as cor-de-rosa, da Xuxa, mas graças a Deus, ao contrário de mim, minha mãe sempre teve noção e se recusava a comprar um sapato de plástico rosa pra mim.

Passada a frustração da infância, por um longo período, eu passei bem sem ter uma bota, exceto por uma comprada para uma viagem, mas essa não conta, pois foi comprada por necessidade mesmo de aquecer os pés em países de muito frio.

A água começou literalmente a bater na bunda quando, há uns quatro anos, voltando a pé da Cultura, onde trabalhava, pra casa tive a experiência única de ter de enfrentar uma chuva que deixou a Rua Augusta no mesmo nível de alagamento do Jardim Pantanal.

Decidi que era hora de comprar uma bota. Passei alguns anos por várias lojas e vitrines, olhando, olhando, experimentando... da bota montaria às tradicionais, mas foi tudo em vão. Uso sapato 34 e tênis 35, no máximo 36, se eu me encher de meia, mas com todas as botas, me sentia com um pé tamanho 40.

Finalmente, depois de muito procurar, achei que deveria comprar uma galocha. Sim! Estavam na moda as galochas coloridas, desenhadas (não as branquinhas de açougueiro) e eu finalmente achei alguma coisa que combinaria com meu estilo, que definitivamente não era o estilo bota, chapéu e Villa Country!

Comprei pela internet, o que me forçava a ficar com ela, gostando ou não, e quando chegou, na hora, percebi que eu não ia usar mesmo aquilo. Resultado: a galochinha preta, com bolinhas coloridas foi destinada ao barro dos dias de chuva do sítio, sem ter tido uma oportunidade se quer de andar pelas calçadas de São Paulo.



Enfim, não tem jeito: definitivamente, eu não consigo usar e não gosto de botas. O resultado é sempre o mesmo: compro um tênis. Pra compensar a falta de bota, comprei (ganhei, na verdade) um tênis... de cano alto, o que me faz pensar que eu tenho uma bota. Ainda que esse não tenha sido o primeiro tênis de cano alto da minha vida, ele definitivamente serviu pra me mostrar que: "Quer comprar uma bota? Compra um tênis, Potira!!"


* Ah, a propósito, o que leva uma pessoa a comprar botas desse tipo, com esse salto?

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