terça-feira, 3 de agosto de 2010
O outro mundo de Xicão Xukuru
O Outro Mundo De Xicão Xukuru
Mundo Livre S/A
(Letra e Música: Fred 04)
Numa faixa de terra
de 28 mil hectares,
localizada no agreste pernambucano,
habitam cerca de 8 mil seres da espécie humana
Eles não querem vingança
eles só querem justiça
querem punição para os covardes
assassinos de seu bravo Cacique Xicão
distribuídos por 23 aldeias,
permanecem resistindo
após quase 500 anos
de massacres e perseguições
reivindicando nada menos
que o reconhecimento e a demarcação
da terra sagrada que herdaram
de seus ancestrais
"Ele não vai ser enterrado,
ele não vai ser sepultado
Ele vai ser plantado,
para que dele nasçam novos guerreiros"
As autoridades policiais tinham pleno conhecimento
dos atentados e das ameaças
Ainda assim nada fizeram para evitar
mais este crime,
muito conveniente
para os latifundiários da região.
Comenta-se que alguns deles
têm parentesco com certos figurões
da república branca
Entre eles um apelidado pelos federais
de "Cacique Marcão"
"Ele não vai ser enterrado,
ele não vai ser sepultado
Ele vai ser plantado,
para que dele nasçam novos guerreiros,
minha mãe natureza.
Ele vai ser plantado assim como vivia,
debaixo das vossas sombras,
para que de vós nasçam novos guerreiros,
minha mãe natureza, que a nossa luta não pára".
Incrustados em pequenos pedaços de terra espalhados ao longo da Serra do Ororubá, em Pernambuco, vivem remanescentes do grupo indígena dos Xukurus.
No passado, o local de maior concentração de indígenas dessa tribo foi Cimbres. O grupo Xukuru esteve na região desde aproximadamente 1690, formando uma das maiores propriedades indígenas da região e, desde então, por não ter seus limites demarcados, foi motivo de brigas frequentes.
A ldeia teve suas terras invadidas e arrendadas por famílias tradicionais da região, fazendeiros e autoridades que, por acharem que no local já não havia mais tantos índios como antes, começaram a reividicar ao Governo a extinção da reserva Xukuru.
Foi assim que, em 1879, decretou-se oficialmente o fim do Aldeamento de Cimbres, favorecendo os invasores das terras e fazendo com que os Xukurus ficassem vagando ao longo da serra, sendo alvo de perseguições, sem ter uma área definida para reunirem seus remanescentes.
Vivendo hoje espalhadas em aproximadamente 1/2 hectare, apenas 160 famílias desse povo possui terra própria e a maioria se mantém graças à agricultura de substistência, mantida de forma rudimentar. Os indígenas recebem duas vezes por ano a visita de dois médicos e um dentista, mas passam o restante do tempo expostos a gripes e verminoses, contando com o apoio de apenas uma enfermeira e uma farmácia, sob responsabilidade da Funai, que ajudam em casos de emergência e partos. No que diz respeito à educação, a Funai mantém duas salas de aula em duas vilas em que estudam índios de sete a 14 anos, enquanto os outros, fora dessa faixa etária, ficam de fora.
Foi no fim dos anos 1980 que teve início um movimento em favor dos direitos dos Xukurus a fim de que retomassem seu território tradicional, recoupando áreas ocupadas por posseiros. Apoiados por povos indígenas de outros locais, os Xukurus denunciavam a violência, miséria e fome em que viviam graças à invasão de suas terras. Por outro lado, os fazendeiros afirmavam que ali não viviam mais índios "puros", mas caboclos.
Francisco de Assis Araújo, o cacique Xicão Xucuru, foi um dos líderes do movimento. Por ser uma figura expressiva e de fácil apelo para os indígenas, levou os Xukuru a pressionarem a Funai e os órgãos públicos a fim de obter a demarcação das terras a eles destinadas, numa vida de muitas lutas e mortes.
Preocupado em manter e dar novamente significado à identidade cultural da nação Xukuru, Xicão passou a ser jurado de morte graças a sua luta incessante. Assim, no dia 20 de maio de 1998, foi assassinado a mando de fazendeiros da região, mas sua luta continuou por meio da liderança de sua esposa Zenilda e de seus filhos Marquinhos.
20 de maio é hoje data símbolo da luta dos povos indígenas no Nordeste, luta que ainda continua mantendo vivo o pensamento de Xicão Xukuru: "Nós podemos fazer a nossa viagem eterna, mas nossos filhos e netos precisam viver nesta terra, e temos que prepará-los para dar este seguimento."
Mais em: http://www.nacaocultural.pe.gov.br/documentario-xicao-xucuru
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