segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Bagulhos do bumba

Pegar ônibus em São Paulo é para os fortes.

Fato é que fazer trajetos que vão do simples "Vila Madalena - Parque Edu Chaves" aos mais complexos como "Pinheiros - Terminal Jardim Ângela", "Terminal Princesa Isabel - Cohab Taipas", incluindo integrações com metrô, trens, vans, pode ser uma experiência antropológica se olharmos com atenção os tipos humanos que aparecem na vida de qualquer pessoa que ande de ônibus, pelo menos, uma vez ao dia.

1. Mulher-cobra: normalmente, usando calça jeans ultrajusta, top de supplex (ou algum tecido sintético do tipo que se usa pra fazer ginástica) e uma sandália plataforma, esse ser costuma se enrolar no ferro onde deveríamos colocar apenas a mão pra nos segurar, formando o famoso símbolo da medicina. A mulher-cobra não só coloca a mão, como o braço e o restante do corpo ao redor do ferro, fazendo uma espécie de malabarismo enquanto o ônibus faz curvas, passa por buracos, num misto de pole dance e falta de noção, já que quem quer só por a mão pra se apoiar um pouquinho fica sem ter como fazer isso.

2. Mulher-cremosa: ela sai de casa com o cabelo todo trabalhado no gel brilho molhado. Eu não sei direito qual é a ideia disso, mas faz o maior sucesso especialmente entre as moças de cabelos cacheados. Aí, você entra no ônibus lotado tentando desviar dessa gosma para evitar que aquilo respingue em qualquer parte do seu corpo; aí, a fulana passa a mão no cabelo sem parar depois segura no ferro e você, sem saber, vai segurar e sente a mão escorregar...


3. Sou porteiro, não saio nunca:
a criatura para ali na porta de saída, mas vai descer só no ponto final. Normalmente, são duplas ou até trios de pessoas que se reúnem ali, com medo de não conseguir descer no último ponto. Aliás, são os mesmos que costumam ficar empatando na porta de entrada também, o que faz com que as filas nos pontos de ônibus tripliquem.

4. Empaca-catraca: é aquela cheia de sacolas e bolsas, que não deixa o dinheiro separado, coloca tudo em cima da gaveta do cobrador e fica lá, durante horas, procurando o bilhete único, os cinco centavos que faltam pra completar os 2,70...

5. O sonolento: ele não dormiu direito, acordou muito cedo, vai saber! Mas ele só quer um ombro amigo pra se encostar e dormir, por isso sua cabeça teima em cair sobre seus ombros.

6. O prestativo e o medroso: o prestativo quer a todo custo segurar sua bolsa, sua pasta, seu casaco, seu guarda-chuva molhado, mas você nem pensa em entregar nada a ele. Já pensou em quantas pessoas são furtadas por esse tipo de gente prestativa?!

7. Finjo dormir pra não te ajudar: esse tipo é aquele que, quando percebe que você tá carregado de coisas, finge estar dormindo, logo não vê suas coisas e não pode se oferecer para segurá-las.

8. Tinjo o cabelo de loiro pra parecer velha ou uso bata pra parecer grávida, mas só sou gorda mesmo: essas são aquelas tiazinhas que não são tão jovens, nem tão velhas, mas que pintam o cabelo de loiro e te deixam na dúvida: dar ou não dar luagr a elas. O mesmo ocorre com qualquer gordinha de bata: está grávida ou não, dou ou não dou lugar.

9. Tenho celular pra usar mesmo: a pessoa já entra com o celular na mão às oito horas da manhã. Em meia hora de ônibus, sentado ao lado dela ou em local distante, se você não estiver ouvindo seu iPod em alto e bom som, saberá a vida da pessoa e, provavelmente de sua família, amigos, vizinhos, em detalhes.


10. Ouço música ruim e gosto de compartilhar:
sim porque como se não bastasse falar ao celular, as pessoas agora usam como rádio. Quer dizer: a pessoa vai lá na internet, baixa só o melhor de Calypso, Calcinha Preta e dos funks cariocas, pendura aquela bosta de celular no pescoço, liga o MP3 e compartilha a droga com todo mundo. Só queria saber quem inventou isso...




Lógico que existem muitos outros "tipos", como os que envolvem crianças, os adolescentes, etc, mas eu teria que escrever um livro, não um post.

2 comentários:

omicrobio disse...

ontem fui o empata-catraca-sonolento. Desculpe, mas sempre tenho tudo absolutamente desorganizado.

Mas adorei a parte da mulher cobra. Elas realmente existem.

Imira disse...

Ah... tem um outro tipo que faltou: o "tive caxumba e ela desceu pro saco" - são aqueles caras que não sabem sentar com as pernas fechadas de modo a não incomodar o passageiro ao lado...

Já tretei no buso com um folgado desse!