sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sobre como eu me tornei craque em basquete (ou a primeira vez que eu fiquei de recuperação)

Desde que me conheço por gente, não consigo me lembrar de ter ficado um ano sem estudar. Minha vida inteira - ou pelo menos, uns 25 dos 28 anos que eu tenho - passei dentro de uma instituição de ensino, incluindo aqui do pré ao mestrado, passando por cursos de idiomas, artes...

Fato é que eu tinha tudo pra ser uma nerd, se não fosse por duas passagens vermelhas na minha vida acadêmica, apesar de uma delas até poder me dar o título de "Nerd com Mérito".

Como para todo nerd, a educação física para mim (como eu já disse aqui, de novo a educação física!) era o momento mais aterrorizante de todos da escola. Em tudo, até em matemática, eu me virava e, se não desse pra tirar o 10, tirava o suficiente pra passar, mas em educação física, por mais que eu tentasse me virar, não dava.

Na quinta série, as aulas de Educação Física deixaram de ser o famoso Corre Cotia (que já me deixava em pânico) e passaram a ser divididas em dois tipos de aula: ginástica olímpica e jogos. Óbvio que eu não me dava bem em ginástica olímpica, nem nos jogos. Mas o que complicou foi que além de todas estas habilidades exigidas, eu ainda precisava fazer provas físicas.

As provas se dividiam em: abdominais, flexibilidade, corrida e salto, tudo com um valor médio padrão pra cada idade, e uma apresentação utilizando os movimentos aprendidos na ginástica olímpica. Pronto: fiquei de recuperação.

Nas apresentações de ginástica olímpica, tínhamos que fazer sozinhas movimentos na trava, no cavalo, usando uma música instumental qualquer. Como naquela época, eu ainda não havia sido apresentada à Capoeira, meus movimentos mais pareciam o de um boneco de posto. Acrescente aí uma boa dose de timidez e o fato de ser observada por todas as alunas da minha sala, quando não pelos outros alunos do colégio, já que as aulas eram antes do intervalo do recreio e eu, com esse nome com P, uma das últimas a se apresentar.

Para as outras provas, as físicas, o nível exigido era muito alto para uma menina de 10 anos, que não fazia atividade física nenhuma (nem o balé ou o jazz que todas as meninas da minha idade faziam), anêmica, alta, magrela e desengonçada como eu.

Baseada numa tabela de valores correspondentes à idade, a professora Regina chamava aluna por aluna para efetuar o circuito, enquanto as outras ficavam olhando e botando certa pressão do tipo: "Vai! Só mais 300!" (Pena que naquela época eu ainda não era muito esperta, Se fosse hoje, mandava todo mundo se f...!).

Primeiro: teste de abdominais. O objetivo era que se alcançasse ou ultrapasasse a meta de abdominais. A minha, de acordo com a idade, era 35. Eu já morria nos primeiros dez.

Em seguida, íamos para o teste de flexibilidade, em que teoricamente eu teria que alcançar o pé, ou passar dele, sentada, sem dobrar o joelho. Sentia a perna queimar, tremer, mas não via a droga da mão alcançar os pés.

Para finalizar o circuito, um salto - devido à minha altura e segundo os cálculos da digníssima Regina, eu teria que ser praticamente a Maurreen Maggi.

Depois do salto, quando eu já colocava os bofes pra fora e praticamente implorava por uma bombinha de asma (sim, eu ainda tinha bronquite pra ajudar!), ainda tinha que correr em busca de dois toquinhos em tempo recorde, em segundos...

Eu só poderia ter ficado de recuperação, o que fez com que meu martírio se estendesse por mais um mês de provas e atividades, porém um pouco diferentes.

Acho que, impressionada por minha habilidade, a professora resolveu inovar e aplicou prova teórica de regras de basquete.

Resultado: estudei, decorei e passei com 10 em educação física.


Nenhum comentário: