Em 1993, eu estava na sétima série e vivíamos uma época de transição dos velhos discos de vinil para os novos disc laser - como dizíamos na época -, conhecidos hoje como CDs.
Foi nesse ano que meu avô comprou o primeiro aparelho que tocava CD da minha casa e me deu. Foi um JVC portátil, que custou 500 reais e só foi encontrado no Shopping Plaza Sul. Tão raras quanto as lojas de aparelhos eletrônicos que vendessem CD players, eram as lojas que vendiam os tais CDs; só havia três: a Hi-Fi, no Shopping Iguatemi, a Billboard, no shopping Paulista e uma distribuidora da Geffen e de outras gravadoras estrangeiras, no Itaim.
Fato é que meu avô me deu o aparelho antes de eu ter qualquer CD para toccar nele, o que fazia com que eu continuasse ouvindo meus vinis... até o dia em que, em alguma data comemorativa que eu não me lembro qual, ganhei meu primeiro disquinho.
1993 parece ter sido o auge do rap nacional. Lembro que existia uma tal de Rádio Metropolitana, que tinha um horário dedicado ao estilo, além da 105 e de outras rádios, que já não existem mais. Além de grupos como Doctor MCs, RZO, RPW, Racionais - e Sampa Crew (rs...), um rapper branco, carioca, classe média, começava a fazer sucesso e conquistar o respeito das pessoas que curtiam o movimento: Gabriel, o Pensador.
Minha mãe, que também estava ansiosa para inaugurar meu aparelhinho de som (e que também não devia mais me aguentar reclamando que não tinha um CD sequer pra ouvir), correu até a loja em busca de um CD.
Mãe: Oi. Eu queria um CD do Gabriel, o Pensador.
Vendedor: Está aqui.
Mãe: Esse é o último, né?!
Vendedor: Só tem esse, senhora.
Sim, foi dele o primeiro CD que eu ganhei para ouvir no meu JVC. Era a época de "Loraburra", "Lavagem Cerebral", etc, músicas com letras quilométricas, mas que eu sabia inteiras. E minha mãe até tinha razão (ou talvez já previsse): foi o último que comprei do artista. O único, primeiro e último.
Ainda assim, não abandonei meus discos de vinil. Por muito tempo, o velho Gradiente me aguentou fazendo um vai e vem para "produzir scratches" (sim, eu pensava que era DJ!) usando os discos da Xuxa, do Iron, da Maria Bethânia (minha mãe nunca soube disso! rs...), ou de qualquer outro que estivesse dando sopa na prateleira.
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