quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Votar?

Sempre morei no mesmo lugar, perto de um grande colégio em São Paulo que, em época de eleição, é usado para votação. Graças a essa proximidade, costumava gostar muito desse período.

Era sagrado o almoço na casa da tia Léa (que mora na rua perpendicular à minha) e a saída no domingo de manhã junto com minha mãe, minha vó, meu avô e minhas tias para a votação.

Para o meu avô e minha avó, aquilo sempre foi muito importante. Mesmo quando estava de cama, meu avô queria que dessemos um jeito para que ele pudesse votar. Minha vó, com quase 90 anos, ainda sobe três andares de escada para votar.

Pra mim, eleição sempre foi uma festa. Eu ia mesmo pra pegr papelzinho, brindes, bandeirinhas, bonés, camisetas, adesivos, bottons, tudo, e de qualquer candidato. Óbvio que, como eu sempre fui do contra, sempre dizia que se votasse, votaria no Maluf e, por isso, seus flyers eram meus preferidos.

Toda essa festa durou até os 18 anos, quando disseram que eu teria que votar (sim, eu nem cogitei de tirar meu título aos 16!). Meu avô estava bem mais empolgado do que eu em relação a isso, mas já que eu teria que tirar de qualquer maneira aquele título, lá fomos nós para o TRE.

Pensando que estava tudo resolvido, agora era só aguardar o momento de votar. Mas infelizmente, eu, que já estava puta por ser obrigada a votar, tive uma surpresa ainda mais desagradável antes mesmo dos resultados da eleição - que sempre são desagradáveis, mas nunca surpreendem.

Sim, eu fui chamada para ser mesária assim que tirei meu título. Quer dizer: eu nunca tinha votado e já ia ser mesária.

Foi assim que meus dias de festa eleitoral acabaram e, por cinco anos, passei a ficar das 7h às 17h30 dentro de um colégio eleitoral, ganhando apenas um vale-refeição de sete reais e dois dias de folga - que poucas vezes foram aproveitados.

Hoje, não preciso mais trabalhar em dia de votação, mas também já não me empolgo mais com os papéis, flyers, camisetas, bonés, afinal são os mesmos candidatos que eu vejo há mais de 20 anos. O jeito agora é cumprir a obrigação (se é obrigatório, cadê a democracia?!) e escolhar votar no que seja menos pior, no que seja diferente, no que não tem chance, mas se tivesse poderia dar certo...


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