sábado, 6 de dezembro de 2008

As raízes do rap americano

A banda The roots foi uma das poucas coisas boas que conheci durante o período de 2 meses que trabalhei num escritório de advocacia na Vila Mariana.

Recém-formada em Letras, sem licenciatura, e desempregada, aquele emprego veio a calhar: seiscentos reais pra quem não tava ganhando nada era um bom negócio.

O problema é que eu fiz curso pra ser tradutora, revisora, no máximo professora, não recepcionista, secretária, telefonista e, por isso, odiava a idéia de ir pra Vila Mariana todos os dias às 8 da manhã.

A única coisa que me deixava um pouco menos triste era o fato de saber que o boy da "empresa", o Maicon (assim mesmo) ia estar lá. Explico: o menino de 16 anos, morador da Zona Leste (ou um pouco mais pra lá) era alucinado por hip hop e fazia umas discotecagens no tempo livre pra ganhar uma grana, além de jogar basquete de rua e ir aos sábados para a Mood pra se divertir.

Durante a tarde, quando ele voltava do INPI, o advogado saía pra almoçar e a secretária ficava por lá pra atender o telefone, íamos para uma outra sala, a única com um computador em todo o escritório, e ficávamos ouvindo várias coisas interessantes de RAP, coisas que eu nunca tinha ouvido falar... de Talib Kweli a Diplomats Dip-Set, passando por Tupac, entre outros.

A banda preferida do Maicon acabou se tornando a única banda de hip hop americano que eu gosto, The roots.

Vindos da Filadélfia, não trazem um simples rap, como o que já conhecemos (e que não vale muito a pena ouvir), com um DJ e um MC (e mulheres pra todos os lados nos videoclipes), tipo 50 Cent, sabe?! A banda tem uma pegada mais jazzística, dada principalmente pelo toque instrumental, e apresenta influências do R&B, além de, por vezes, contar com a participação de artistas como Erykah Badu, Eve, Mos Def, entre outros.

Sim, existem coisas boas no rap americano e esta é uma delas: ‘You got me'.

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