sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Laços eternos

No pré, todas as aulas de amarrar tênis (sim, eu tinha uma aula para amarrar tênis), pra mim, eram as piores.

A professora Denise, uma versão obesa e nervosa da Xuxa, chamava aluno por aluno e, num tênis feito de madeira, ia ensinando a passar o cadarço e, finalmente, dar o laço.

Eu tinha um problema: meus tênis eram Bubble Gummers. Como eram feitos para crianças, além do cheirinho de chiclete, ainda tinham a vantagem de, no lugar do cadarço, ter um velcro. Sendo assim, aprender a amarrar tênis pra quê?



Bom, saí do pré sem saber fazer isto e,como eu sempre tive pé pequeno, essa minha ignorância durou um bom tempo... Até eu ter que me render ao tênis que a maioria das crianças e adolescentes da minha época usavam: o Nike air.



Agora eu não tinha opção, amarrava ou amarrava, mas graças a Deus, eu tinha (e ainda tenho) vô. Todos os dias antes de ir para a escola, era ele quem cumpria o ritual de amarrar o meu tênis. Eu, como toda netinha mimada, ainda exigia que o laço fosse bem forte pra não desamarrar durante todo o dia que eu estivesse fora.

Fato é que agora, aos 27 anos, sou forçada a amarrar meus tênis e consigo, com muito sacrifício amarrar mal e porcamente, principalmente quando o calçado insiste em não colaborar, como é o caso do meu Mary Jane.




Ele é bonitinho, mas o cadarço é uma desgraça... Eu faço um laço duplo, graças à extensão do cadarço, e eles desamarram nos momentos mais inconvenientes: dentro do ônibus lotado, no meio da Paulista, no elevador... Por isso, procurei na internet formas alternativas de dar laço em cadarços sem que eles se soltem e encontrei um guia para amarrar tênis e passar cadarço de todas as formas possíveis.

Estou testando e assim que descobrir a forma mais adequada ao meu tênis e a minha capacidade motora, mando um e-mail para agradecer ao criador do site.

Um comentário:

Anônimo disse...

Contar uma história e pior, me fazer rir dela, para um exercício tão simples como amarrar um tênis confirma o que já cansei de dizer: você sabe escrever! Nunca desista disto, menina, você tem muito a dizer. Vc emociona (nos textos sobre o grafiteiro Zezão, Chaplin encontra Tom Jobim), diverte (sobre bêbados) mas tb mostram que vc não é somente mais uma pessoa que sabe escrever, mas q tem conteúdo cultural, de cidadania. Vc é um cérebro de laranja-lima de ótima qualidade. Sou, fui e sempre sua fã.