Há meses, venho dizendo para meus amigos Imira e Batata que eu não gosto da Adele.... que preferia ir a um show do Mr. Catra a um da cantora.
Há um motivo pra isso, além do fato de terem dito que ela substituiria a (para mim) insubstituível Amy Winehouse.
Adele, pra mim, não canta com o coração; não vejo, nem sinto emoção no que ela canta. É óbvio pra qualquer pessoa que ouça, inclusive eu, que a voz dela é bonita, mas falta alguma coisa. É como ouvir Elis Regina interpretando Fascinação e ouvir a mesma música cantada pela Sandy: Sandy faz tuo certinho, não desafina, não tem uma voz ruim, mas falta sentimento.
Depois de ouvir Rolling in the Deep algumas vezes pra tentar me convencer pela insistência, tenho relutado e me feito de surda a cada pessoa que diz que Adele é maravilhosa, e confesso que, além de me recusar a ouvir qualquer outra música que ela cantasse, toda vez que começa a tocar Someone Like You na novela, sai da minha boca o comentário "Canta bem, mas não tem emoção. Não gosto."
Essa semana, no Facebook uma pessoa completamente isenta de opiniões sobre a cantora, compartilhou o vídeo de Chasing Pavements com um comentário que não falava da linda voz da cantora, mas da beleza do vídeo. Foi isso que me levou a dar o play e ouvir a música.
Pois é, não sei se influenciada pela beleza plástica do clipe, achei que nessa música a Adele realmente canta com sentimento. Curti. E não há nada mais a dizer.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
Coppola e Jô Soares
E aí que o Jô Soares entrevistou ontem Francis Ford Coppola.
Diretor de filmes como "O Poderoso Chefão" e "Apocalipse Now", Coppola decidiu, nos anos 1970 se dedicar à produção de vinhos - talvez por influência de seus antepassados italianos, sei lá!
Aí, Jô Soares diz que quer oferecer um pouco do vinho Rubicon de Coppola. Mas como não encontrou comprou um outro.
Caramba, Jô, se não tinha o dele, era melhor não ter oferecido nada, né?!
http://www.youtube.com/watch?v=i3TZr6k-JPA
Reparem que ele disse: "Esse é bem diferente do Rubicon." E ainda: "É de uma linha mais em conta." E completou meio desanimado: "Mas é bom..."
Diretor de filmes como "O Poderoso Chefão" e "Apocalipse Now", Coppola decidiu, nos anos 1970 se dedicar à produção de vinhos - talvez por influência de seus antepassados italianos, sei lá!
Aí, Jô Soares diz que quer oferecer um pouco do vinho Rubicon de Coppola. Mas como não encontrou comprou um outro.
Caramba, Jô, se não tinha o dele, era melhor não ter oferecido nada, né?!
http://www.youtube.com/watch?v=i3TZr6k-JPA
Reparem que ele disse: "Esse é bem diferente do Rubicon." E ainda: "É de uma linha mais em conta." E completou meio desanimado: "Mas é bom..."
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Mais uma vez: sobre o gospel
Fui criada desde pequena numa igreja protestante tradicional e talvez por isso ache um pouco estranho o que essas novas igrejas fazem quando o assunto é música.
Não tenho nada contra, cada um na sua, mas pra mim, "música de igreja" (hino) é uma coisa e música popular é outra. Talvez por isso eu nunca tenha feito nenhuma Marcha pra Cristo, nunca tenha corrido atrás do trio elétrico evangélico do Xandy, nunca tenha ido a uma balada reggae evangélica com a banda Arca Reggae, nem tenha assistido a nenhum show de pagode do convertido Salgadinho, ex-Katinguelê.
Como gosto de rap (além de inúmeras outras coisas), tentei ouvir o rap gospel do Apocalipse 16, Pregador Luo, DJ Alpiste, mas não deu, pra mim tudo soou um tanto quanto artificial.
Enfim, talvez por preconceito e por achar que o próposito da música na igreja se perdesse um pouco com essas "inovações", quando se falava em gospel pra mim, se não fosse o verdadeiro de Mahalia Jackson, Sister Tharpa James, entre outras, eu fechava os ouvidos e partia pra outra.
Fato é que dando uma olhada num site de rap descobri que nos Estados Unidos há uma onda de rap chamada "Holy Hip Hop". E eu, que nunca gostei de rap gringo, nem dessas misturas todas chamadas "gospel", tinha tudo para odiar.
Mas não foi bem o que aconteceu. Talvez atraída pela beleza do vídeo, pela bela fotografia, ou mesmo pelo fato de não ser "Gospel" Hip Hop, mas "Holy", enfim, gostei muito do trabalho do inglês Genex. "By his Grace", apesar de ser um rap, tem a leveza e tranquilidade das "músicas de igreja" e talvez por isso tenha me conquistado.
Próximo passo é ir ao próximo culto/show de reggae promovido pela igreja Bola de Neve pra saber qual é. E espero ter a mesma boa surpresa do Holy Hip Hop.
Não tenho nada contra, cada um na sua, mas pra mim, "música de igreja" (hino) é uma coisa e música popular é outra. Talvez por isso eu nunca tenha feito nenhuma Marcha pra Cristo, nunca tenha corrido atrás do trio elétrico evangélico do Xandy, nunca tenha ido a uma balada reggae evangélica com a banda Arca Reggae, nem tenha assistido a nenhum show de pagode do convertido Salgadinho, ex-Katinguelê.
Como gosto de rap (além de inúmeras outras coisas), tentei ouvir o rap gospel do Apocalipse 16, Pregador Luo, DJ Alpiste, mas não deu, pra mim tudo soou um tanto quanto artificial.
Enfim, talvez por preconceito e por achar que o próposito da música na igreja se perdesse um pouco com essas "inovações", quando se falava em gospel pra mim, se não fosse o verdadeiro de Mahalia Jackson, Sister Tharpa James, entre outras, eu fechava os ouvidos e partia pra outra.
Fato é que dando uma olhada num site de rap descobri que nos Estados Unidos há uma onda de rap chamada "Holy Hip Hop". E eu, que nunca gostei de rap gringo, nem dessas misturas todas chamadas "gospel", tinha tudo para odiar.
Mas não foi bem o que aconteceu. Talvez atraída pela beleza do vídeo, pela bela fotografia, ou mesmo pelo fato de não ser "Gospel" Hip Hop, mas "Holy", enfim, gostei muito do trabalho do inglês Genex. "By his Grace", apesar de ser um rap, tem a leveza e tranquilidade das "músicas de igreja" e talvez por isso tenha me conquistado.
Próximo passo é ir ao próximo culto/show de reggae promovido pela igreja Bola de Neve pra saber qual é. E espero ter a mesma boa surpresa do Holy Hip Hop.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Conversas da mesa ao lado
Uma família. A avó, o filho, a filha e a neta acabando de almoçar quando a garçonete se aproxima querendo ser gentil com a velhinha:
Garçonete: - Vocês vão querer sobremesa? A senhora aceita: temos sorvete de tapioca, creme de cupuaçu, goiabada frita...?
Velhinha: - Ah, não, não quero, eu tenho Chocotone na minha casa!
(fim de 2010)
Garçonete: - Vocês vão querer sobremesa? A senhora aceita: temos sorvete de tapioca, creme de cupuaçu, goiabada frita...?
Velhinha: - Ah, não, não quero, eu tenho Chocotone na minha casa!
(fim de 2010)
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Você virou fumaça no meu peito...
Lembra-se bem da primeira vez que o viu: ele passava carregando um monte de coisas e usava uma camiseta colorida. Sim, ela gostou dele primeiro por causa das cores da camiseta - era uma espécie de tie dye em vermelho, verde e amarelo. Enfim, como se fosse um acaso da vida (atenção ao “como se fosse” porque não foi), as conversas ficaram comuns e eram sempre divertidas. Eram sempre parecidos, mas ao mesmo tempo tão diferentes nas diferenças. Uma amizade distante, cheia de esperanças que iam e vinham na mesma frequência que ele. Um dia, depois de bastante tempo, ele virou fumaça pra ela. É, é engraçado como um simples gesto desmonta toda a imagem que temos de uma pessoa, né? Ela confessa que perdeu um pouco o respeito e a admiração que tinha, apesar de ainda acreditar que, em outra situação, ele voltaria a ser aquele que sempre admirou, mas não... Confessa também que, às vezes, ainda procura por aquele que ela perdeu. Mas não há como consertar algo que lascou, algo que queimou mais do que devia... De tudo, só o que sobrou foi a lembrança do vício porque o cigarro que ela precisava apagar de si, ele mesmo já havia apagado numa daquelas.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Convivendo com Tonhos
Tá todo mundo cantando parabéns, inclusive o Tonho. No final, o Tonho pergunta:
Eu penso: "Estamos ensaiando para o coralzinho de Natal da firma".
...
O Tonho está perto de uma feira e pergunta:
Fiquei sem resposta pra essa.
...
O melhor amigo do Tonho vê um pote de semente de abóbora salgada em cima da minha mesa na agência e pergunta:
Eu penso: "Não, vou jogar para os pombos daqui do 6º andar pra ver se eles conseguem comer e voar ao mesmo tempo".
- Parabéns, mas por quê?
Eu penso: "Estamos ensaiando para o coralzinho de Natal da firma".
...
O Tonho está perto de uma feira e pergunta:
- O que é garapa?
Fiquei sem resposta pra essa.
...
O melhor amigo do Tonho vê um pote de semente de abóbora salgada em cima da minha mesa na agência e pergunta:
- Você vai comer isso?
Eu penso: "Não, vou jogar para os pombos daqui do 6º andar pra ver se eles conseguem comer e voar ao mesmo tempo".
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Oi? Sem noção?
Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa confusa e levemente sem noção.
Há alguns anos, quando eu ainda era uma universitária otária e passava 70% do meu dia dentro da faculdade, fui a uma nova lanchonete que abriu perto da faculdade para conhecer. Era num dos dias em que eu tinha aula durante o dia todo e precisava comer alguma coisa no intervalo para não desmaiar durante a tarde.
Sendo assim, partimos eu e minha amiga rumo à lanchonete. Chegando lá, diante das 500 opções de salgadinhos, nos mais variados formatos, minha amiga foi rápida em escolher o dela: coxinha.
Eu, por outro lado, pensei, pensei e comecei um diálogo sem fim com a atendende...
Passados uns 10 minutos, encerrei meu questionário assim:
Em outra ocasião, fiz algo do gênero num restaurante:
Hoje, vários anos depois, percebi que realmente tenho essa estranha mania de ter diálogos bizarros e non-sense com garçons, atendentes, etc. Fui à uma doceria especializada em waffles na Vila Madalena. E o que se viu foi o seguinte:
Há alguns anos, quando eu ainda era uma universitária otária e passava 70% do meu dia dentro da faculdade, fui a uma nova lanchonete que abriu perto da faculdade para conhecer. Era num dos dias em que eu tinha aula durante o dia todo e precisava comer alguma coisa no intervalo para não desmaiar durante a tarde.
Sendo assim, partimos eu e minha amiga rumo à lanchonete. Chegando lá, diante das 500 opções de salgadinhos, nos mais variados formatos, minha amiga foi rápida em escolher o dela: coxinha.
Eu, por outro lado, pensei, pensei e comecei um diálogo sem fim com a atendende...
- O que que é isso?
- Isso é x...
- E isso?
- Isso é y...
- E isso?
- É z...
....
Passados uns 10 minutos, encerrei meu questionário assim:
- Pode me dar uma coca, então?
- Oi? Você não vai querer nenhum salgado?
- Não. Só queria saber mesmo.
Em outra ocasião, fiz algo do gênero num restaurante:
- Vocês tem Fanta?
- Sim.
- Então, me dá uma coca, por favor.
Hoje, vários anos depois, percebi que realmente tenho essa estranha mania de ter diálogos bizarros e non-sense com garçons, atendentes, etc. Fui à uma doceria especializada em waffles na Vila Madalena. E o que se viu foi o seguinte:
- Oi. Eu queria um waffle simples, só com açúcar. É muito grande?
- É, é grande. Mas a gente faz só metade, mas só com Nutella.
- Ah, que bom! Então, eu vou querer um desse grande com calda de chocolate, chantilly e sorvete.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
A mais bonita definição de Reticência
"é a suspensão intencional do pensamento, quando o silêncio parece mais expressivo do que a palavra". (ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. p. 511)
...
...
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Conversas da mesa ao lado
Aí, eu tô lá comendo minha tortinha de blueberry depois do almoço, quando chega um grupo de cinco pessoas que se sentam na mesa ao lado. A conversa começa por um rapaz que diz:
A: - Nossa, quantos doces gostosos! Eu nem sei qual escolher... Na verdade, eu não quero comer um muito doce por causa da diabetes... Ai, bolo de cenou vai muita manteiga, além do chocolate, é muito gorduroso... ai, meu colesterol.
B: - Ah, escolhe entre ser diabético ou ter colesterol e come logo!
C: - Eu sou a favor de você comer o que tem vontade, independente de ser ruim pra diabetes ou pro colesterol.
A: - Verdade, né? Vou querer um pedaço de cada doce então...Até eu sair de lá, o que demorou bem pouco, visto que eu já estava na sobremesa, ele já havia devorado três diferentes.
domingo, 18 de setembro de 2011
terça-feira, 6 de setembro de 2011
terça-feira, 30 de agosto de 2011
A Serafina e o Criolo
Aí, a revista Serafina, publicada pela Folha de S. Paulo, trouxe estampada na capa o rapper do momento, o Criolo, e deu a ele uma matéria de seis páginas, cheia de fotos produzidas e...
Quem me conhece sabe que eu tenho certa implicância com a forma como o rap é tratado. Explico: ninguém gosta de rap, mas de repente um cara/um grupo faz um rap com um tom um pouco mais pop e, pronto, nego sai por aí dizendo que adora rap, que é do movimento. Foi por causa de toda essa minha "implicância" e por gostar do som do Criolo (desde a época em que ele era Criolo Doido) que eu resolvi ler a matéria da Serafina.
Bom, a matéria foi escrita por uma pessoa que, provavelmente, nunca tenha ouvido rap na vida. Talvez não tenha ouvido nem o aclamado "Nó na Orelha" do Criolo. E, como todo bom jornalista, não se preocupou em pesquisar muito além da Wikipedia.
O texto começa até bem, falando sobre uma festa na Hole - balada conhecida de quem curte rap, reggae, dancehall -, porém, a certa altura do texto, a jornalista escreve:
Pausa: Dexter nunca foi dos Racionais. Dexter era parte da dupla 509E, que agora segue em carreira solo. Quanto ao brasiliense GOG, este merecia uma referência também, como a dada sobre Edi Rock, já que foi um dos pioneiros do rap nacional.
Lá pelas tantas, aparece perdido no texto uma citação ao Hole como HoLLe. Ops, erro de digitação ou total falta de conhecimento mesmo? Não sei.
Outro parágrafo diz:
Pausa 2: Desculpe, eu gosto muito do Criolo, mas o álbum não é pioneiro. Jair Rodrigues já misturou o samba com o rap há muito tempo com o seu "Deixa que digam, que pensem, que falem...", assim como Marcelo D2 e Rappin' Hood que, bem ou mal, já misturaram sons.
Mas os parágrafos que mais me chamaram a atenção foram estes:
Ter dois formatos de show é ótimo e eu acredito que isso ocorra para que a apresentação possa ser adaptada a qualquer local e a qualquer bolso.
O que me intriga é o fato de a jornalista escrever que "O público fiel do rap tem assim a chance de ver um show com estrutura caprichada, enquanto os novos fãs (...) podem sentir a pancada de ouvir um rapper disparar suas letras apoiado só pelas batidas e pelo coro", peraí: público de rap também é público de shows bem estruturados, não é porque gosta de rap que só vê show no bar do Zé Batidão. Por outro lado, é difícil acreditar que estes "novos fãs" frequentem o "universo dos rimadores", afinal eles foram conquistados pelo fato de ser um rap que não parece rap, não é?
A matéria traz ainda um box com o título "Acredite nesse 'hype'(citação à música do Public Enemy, que nem vou perder tempo comentando)". É, Criolo virou "hype" na matéria da Serafina.
Ali, a editora de um dos cadernos da Folha afirma sobre o rap:
O rap existe como "fonte primordial da música pop norte-americana" há pelo menos 20 anos, não 10.
Não há como comparar o rap norte-americano com o rap feito no Brasil. Enquanto lá predomina os rappers do bling-bling e do pimp, aqui o rap é música de caráter social e, por isso, nunca foi democratizado.
A tal "possibilidade" de democratização ocorre porque Criolo fez uma música falando de amor em São Paulo em ritmo que se distancia do rap, então isso não é democratizar o rap, não é?
O rap sempre esteve aí, há mais de 20 anos, a periferia, pretos, brancos, manos sempre estiveram aí - já disse Mano Brown "O mundo é diferente da ponte pra cá" - quer dizer, a ponte sempre esteve aí, não foi criada, mas ninguém nunca quis atravessar. É fácil gostar de Criolo falando de amor em ritmo de bolero num show no Auditório do Ibirapuera. Queria ver gostar de Criolo cantando sobre o Grajaú numa rinha de MCs no Vale do Anhangabaú ou numa comunidade da Leste.
No finalzinho do texto, a autora ainda diz:
Quer dizer que, no final, o rap do Criolo só se aproxima do nosso discurso quando fala da solidão na metrópole e do amor não correspondido, só assim se torna universal. Como se o crime e a desigualdade não fizessem parte desse "universo". Estranho... E "linguagem cifrada dos MCs", "dialeto" é o caralho!
Enfim, são só opiniões e comentários sobre o que eu li. Eu continuo gostando de Criolo (Doido) e de rap... Mas queria ver nego gostar desse Criolo Doido.
Quem me conhece sabe que eu tenho certa implicância com a forma como o rap é tratado. Explico: ninguém gosta de rap, mas de repente um cara/um grupo faz um rap com um tom um pouco mais pop e, pronto, nego sai por aí dizendo que adora rap, que é do movimento. Foi por causa de toda essa minha "implicância" e por gostar do som do Criolo (desde a época em que ele era Criolo Doido) que eu resolvi ler a matéria da Serafina.
Bom, a matéria foi escrita por uma pessoa que, provavelmente, nunca tenha ouvido rap na vida. Talvez não tenha ouvido nem o aclamado "Nó na Orelha" do Criolo. E, como todo bom jornalista, não se preocupou em pesquisar muito além da Wikipedia.
O texto começa até bem, falando sobre uma festa na Hole - balada conhecida de quem curte rap, reggae, dancehall -, porém, a certa altura do texto, a jornalista escreve:
Pensa um pouco e continua. "Recentemente, subi ao palco com GOG, Dexter e Edi Rock. Foi outra grande honra. Tenho sido abençoado", afirma, falando de seus encontros com grandes nomes do rap, os dois últimos integrantes do Racionais.
Pausa: Dexter nunca foi dos Racionais. Dexter era parte da dupla 509E, que agora segue em carreira solo. Quanto ao brasiliense GOG, este merecia uma referência também, como a dada sobre Edi Rock, já que foi um dos pioneiros do rap nacional.
Lá pelas tantas, aparece perdido no texto uma citação ao Hole como HoLLe. Ops, erro de digitação ou total falta de conhecimento mesmo? Não sei.
Outro parágrafo diz:
A faixa é um dos hits de "Nó na Orelha", álbum lançado neste ano e apontado como pioneiro por misturar o rap a ritmos como reggae, bolero e samba.
Pausa 2: Desculpe, eu gosto muito do Criolo, mas o álbum não é pioneiro. Jair Rodrigues já misturou o samba com o rap há muito tempo com o seu "Deixa que digam, que pensem, que falem...", assim como Marcelo D2 e Rappin' Hood que, bem ou mal, já misturaram sons.
Mas os parágrafos que mais me chamaram a atenção foram estes:
Criolo tem apresentado dois formatos de show. Uma versão tem banda poderosa, com nomes como o violonista revelação Kiko Dinucci, além de bateria, piano, baixo, metais e duas backing vocals. A outra aposta na formação clássica do hip hop: DJ e MC.
O público fiel do rap tem assim a chance de ver um show com estrutura caprichada, enquanto os novos fãs, que acabam de conhecer o universo dos rimadores, podem sentir a pancada de ouvir um rapper disparar suas letras apoiado só pelas batidas e pelo coro de aliados.
Ter dois formatos de show é ótimo e eu acredito que isso ocorra para que a apresentação possa ser adaptada a qualquer local e a qualquer bolso.
O que me intriga é o fato de a jornalista escrever que "O público fiel do rap tem assim a chance de ver um show com estrutura caprichada, enquanto os novos fãs (...) podem sentir a pancada de ouvir um rapper disparar suas letras apoiado só pelas batidas e pelo coro", peraí: público de rap também é público de shows bem estruturados, não é porque gosta de rap que só vê show no bar do Zé Batidão. Por outro lado, é difícil acreditar que estes "novos fãs" frequentem o "universo dos rimadores", afinal eles foram conquistados pelo fato de ser um rap que não parece rap, não é?
A matéria traz ainda um box com o título "Acredite nesse 'hype'(citação à música do Public Enemy, que nem vou perder tempo comentando)". É, Criolo virou "hype" na matéria da Serafina.
Ali, a editora de um dos cadernos da Folha afirma sobre o rap:
Enquanto o rap é fonte primordial da música pop norte-americana há pelo menos dez anos, o Brasil só agora flerta com a possibilidade de democratizá-lo. E Criolo faz parte desse movimento ao criar uma ponte entre periferia e centro, pretos e brancos, manos e hipsters.
O rap existe como "fonte primordial da música pop norte-americana" há pelo menos 20 anos, não 10.
Não há como comparar o rap norte-americano com o rap feito no Brasil. Enquanto lá predomina os rappers do bling-bling e do pimp, aqui o rap é música de caráter social e, por isso, nunca foi democratizado.
A tal "possibilidade" de democratização ocorre porque Criolo fez uma música falando de amor em São Paulo em ritmo que se distancia do rap, então isso não é democratizar o rap, não é?
O rap sempre esteve aí, há mais de 20 anos, a periferia, pretos, brancos, manos sempre estiveram aí - já disse Mano Brown "O mundo é diferente da ponte pra cá" - quer dizer, a ponte sempre esteve aí, não foi criada, mas ninguém nunca quis atravessar. É fácil gostar de Criolo falando de amor em ritmo de bolero num show no Auditório do Ibirapuera. Queria ver gostar de Criolo cantando sobre o Grajaú numa rinha de MCs no Vale do Anhangabaú ou numa comunidade da Leste.
No finalzinho do texto, a autora ainda diz:
O artista usa a linguagem cifrada dos MCs. Mas, quando temas característicos do rap nacional, como o crime e a desigualdade, dividem estrofes com a solidão na metrópole e o amor não-correspondido, fica fácil penetrar no seu dialeto. O discurso se torna universal.
Quer dizer que, no final, o rap do Criolo só se aproxima do nosso discurso quando fala da solidão na metrópole e do amor não correspondido, só assim se torna universal. Como se o crime e a desigualdade não fizessem parte desse "universo". Estranho... E "linguagem cifrada dos MCs", "dialeto" é o caralho!
Enfim, são só opiniões e comentários sobre o que eu li. Eu continuo gostando de Criolo (Doido) e de rap... Mas queria ver nego gostar desse Criolo Doido.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Se gritar "Pega ladrão!", não fica um...
Nunca fui adepta aos furtos em mercados como todas as crianças da minha época eram. Roubar brindes e surpresas do danoninho, do sucrilhos e de outras coisas, pra mim, não tinha a menor graça, já que eu sempre tive tudo.
Porém, meu primeiro furto tinha que acontecer um dia e, como boa garota mimada criada a leite Ninho e Sustagem (como diria MV Bill), tinha que ser de alguma coisa mais digna em um lugar mais digno.
Eu tinha 14 anos quando fui pela segunda vez para a Disney. Era pra ser uma viagem de formatura com a minha turma de 8ª série, mas eles iam “só” para a Disnehttp://www.blogger.com/img/blank.gify http://www.blogger.com/img/blank.gife a proposta da minha mãe era muito mais tentadora: 20 dias viajando pela Flórida, incluindo a Disney.
Óbvio que eu optei pela viagem mais longa, que incluiria as regalias e liberdades oferecidas (e patrocinadas) pela minha mãe. Em outras palavras: enquanto meus amiguinhos teriam que estar dormindo no hotel às 10h da noite, eu estaria curtindo o Hard Rock Café, jantando no Rosie O’ Gradys, passeando pelo Bayside, enfim, estaria me divertindo e ganhando todos os bichinhos, lembrancinhas, tênis, eletrônicos e CDs que quisesse.
CDs: esse era um assunto que me interessava muito naquela época, especialmente naquela viagem (assunto pra outro post). E foi assim que, em busca de um CD bacana, entrei numa loja maravilhosa no Bayside, em Miami. Eu queria todos, mas minha mãe me limitou à compra de um e o escolhido foi o Nevermind, do Nirvana.http://www.blogger.com/img/blank.gif
Na saída da loja, havia um display com umas revistas grandes, com capa bonita (estilo Rolling Stone) em exposição. A capa era do Nirvana e eu, obviamente, peguei a minha e saí andando.
Li a revista inteira e, durante anos, ela ficou guardada em casa, dentro de uma caixa junto com os diversos números de Rock Brigade, Tribo, Fluir, Inside e Bizz, que minha tia assinava pra mim. Até o dia em que resolvi jogar um pouco de lixo fora (eu já disse aqui que sou lixeira uma vez), a começar pelas revistas de rock e surf que já não me atraíam tanto.
Foi nesse dia que peguei novamente a revista do Kurt na mão e, qual não foi minha surpresa, ao perceber que a revista que eu tinha pego gratuitamente na porta da loja não era gratuita e custava US$ 11!
Pois é, guardei por mais algum tempo o objeto do furto que exibia para minhas amigas dizendo: “Essa revista aqui, ó, eu roubei em Miami.” e foi assim que, por algum tempo, me senti uma adolescente infratora, praticamente a filha do Fernandinho Beira-Mar.
But nevermind, I’m not a thief anymore....
Porém, meu primeiro furto tinha que acontecer um dia e, como boa garota mimada criada a leite Ninho e Sustagem (como diria MV Bill), tinha que ser de alguma coisa mais digna em um lugar mais digno.
Eu tinha 14 anos quando fui pela segunda vez para a Disney. Era pra ser uma viagem de formatura com a minha turma de 8ª série, mas eles iam “só” para a Disnehttp://www.blogger.com/img/blank.gify http://www.blogger.com/img/blank.gife a proposta da minha mãe era muito mais tentadora: 20 dias viajando pela Flórida, incluindo a Disney.
Óbvio que eu optei pela viagem mais longa, que incluiria as regalias e liberdades oferecidas (e patrocinadas) pela minha mãe. Em outras palavras: enquanto meus amiguinhos teriam que estar dormindo no hotel às 10h da noite, eu estaria curtindo o Hard Rock Café, jantando no Rosie O’ Gradys, passeando pelo Bayside, enfim, estaria me divertindo e ganhando todos os bichinhos, lembrancinhas, tênis, eletrônicos e CDs que quisesse.
CDs: esse era um assunto que me interessava muito naquela época, especialmente naquela viagem (assunto pra outro post). E foi assim que, em busca de um CD bacana, entrei numa loja maravilhosa no Bayside, em Miami. Eu queria todos, mas minha mãe me limitou à compra de um e o escolhido foi o Nevermind, do Nirvana.http://www.blogger.com/img/blank.gif
Na saída da loja, havia um display com umas revistas grandes, com capa bonita (estilo Rolling Stone) em exposição. A capa era do Nirvana e eu, obviamente, peguei a minha e saí andando.
Li a revista inteira e, durante anos, ela ficou guardada em casa, dentro de uma caixa junto com os diversos números de Rock Brigade, Tribo, Fluir, Inside e Bizz, que minha tia assinava pra mim. Até o dia em que resolvi jogar um pouco de lixo fora (eu já disse aqui que sou lixeira uma vez), a começar pelas revistas de rock e surf que já não me atraíam tanto.
Foi nesse dia que peguei novamente a revista do Kurt na mão e, qual não foi minha surpresa, ao perceber que a revista que eu tinha pego gratuitamente na porta da loja não era gratuita e custava US$ 11!
Pois é, guardei por mais algum tempo o objeto do furto que exibia para minhas amigas dizendo: “Essa revista aqui, ó, eu roubei em Miami.” e foi assim que, por algum tempo, me senti uma adolescente infratora, praticamente a filha do Fernandinho Beira-Mar.
But nevermind, I’m not a thief anymore....
segunda-feira, 14 de março de 2011
Praça de alimentação
Só existe uma coisa pior do que pegar fila em bandejão para almoçar: almoçar em praça de alimentação de shopping durante a semana.
Não importa o tamanho da praça de alimentação, comer ali sempre vai ser um probelma.
Tudo começa quando você chega a ela e se depara com duas opções:
1. Guardar um lugar para sentar; ou
2. Escolher alguma coisa pra comer entre as dezenas de opções.
Bom, se você, como eu, almoça em praça de alimentação porque é o que há de melhor, mais variado e mais perto do seu trampo, com certeza, faz uma ideia do que seja o drama.Vamos por partes.
Há dois tipos de pessoas que frequentam praça de alimentação de shopping durante a semana:
1. As que, como você, só tem 1 hora de almoço e precisam otimizar o tempo, então sentem-se no direito de guardar 500 lugares para o almoço de despedida daquele querido amigo que vai para outra empresa.
2. E as que, bem ao contrário de você, não tem nada pra fazer, foram dar uma volta no shopping, fazer umas comprinhas e sentiram fome.
Fato é que você chega à praça de alimentação morrendo de fome e dá de cara com um monte de mesas vazias com crachás sobre elas. Sim, os crachás querem dizer que a mesa está ocupada, as pessoas estão comprando suas comidas e logo estarão ocupando aquele lugar.
Aí, você decide comprar sua comida antes de encontrar um local para sentar. Isso leva um tempo e, até que você opte pelo que é menos saudável, responda a todas as perguntas automáticas das atendentes, quando você vai ver, não há nenhuma mesa disponível.
Começa assim sua busca por um local para sentar. Com a bandeja na mão, você procura, anda pra lá e pra cá e pode observar que, depois de sentadas, as pessoas não estão nem aí pra quem espera por um lugar e são capazes de ficar ali horas conversando com as bandejas vazias, só pra te irritar.
A única saída então é dar uma de mal educada e parar ao lado de uma mesa em que as pessoas já tenham acabado de comer ou estejam acabando e ficar ali, dando uma olhadinha semi-disfarçada, até que o otário se manque e mexa a bunda da cadeira.
Feito isso, você pode se deparar com duas situações:
1. A pessoa se levantar de boa vontade e levar a bandeja para o lixo; ou
2. A pessoa se levantar de cara feia e largar a bandeja e toda a sua sujeira sobre a mesa.
A esta altura, sua comida já esfriou e sua bebida já esquentou, mas enfim você consegue finalmente sentar e começar a comer. Mas não pense que tudo acabou. Agora é você quem passa a ser observado por pessoas também querem sentar...
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
sábado, 19 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Alguns movimentos políticos que eu gostaria de criar
- Volta Pagode: pelo fim do sertanejo universitário porque eu não aguento mais ver a propaganda do CD do não sei quê e Vinicius cantando “Chora, me liga....”. Como sempre tem que ter alguma coisa brega tocando no rádio, que seja o pagode...
- Volta Chorão: porque o Chorão era ruim, mas essas bandinhas Cine, Restart, Fresno, etc são muito piores...
- Volta É o Tchan: porque eu não aguento mais aquele cara do Parangolé com suas letras criativas: Pra frente, pra frente, cintura, cabeça, tchubirabiru...”. O Tchan pelo menos tinha uma historinha: “Conheci uma menina que veio do Sul pra dançar o tchan e a dança...”
-Volta L7 (ou Volta Hole): porque alguém tem que mostrar pras meninas do paramore o que é rock de verdade.
- Volta Shakira morena: pelo fim do império das loiras. Até a Beyoncé é loira agora, caramba!
- Volta Xuxa: porque se você já era ruinzinha como apresentadora, a Maysa, o Yudi e a Priscila são muito piores!
- Volta All Star: porque depois que virou Converse passou a custar o triplo do preço!
E por aí vai...
- Volta Chorão: porque o Chorão era ruim, mas essas bandinhas Cine, Restart, Fresno, etc são muito piores...
- Volta É o Tchan: porque eu não aguento mais aquele cara do Parangolé com suas letras criativas: Pra frente, pra frente, cintura, cabeça, tchubirabiru...”. O Tchan pelo menos tinha uma historinha: “Conheci uma menina que veio do Sul pra dançar o tchan e a dança...”
-Volta L7 (ou Volta Hole): porque alguém tem que mostrar pras meninas do paramore o que é rock de verdade.
- Volta Shakira morena: pelo fim do império das loiras. Até a Beyoncé é loira agora, caramba!
- Volta Xuxa: porque se você já era ruinzinha como apresentadora, a Maysa, o Yudi e a Priscila são muito piores!
- Volta All Star: porque depois que virou Converse passou a custar o triplo do preço!
E por aí vai...
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
O mundo pelos olhos da crianças
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Está no ar "A voz do Brasil"
Há alguns anos A voz do Brasil era programa obrigatório em todas as rádios do país e deveria ser transmitida às 19 horas impreterivelmente. Não tinha jeito, era ligar o rádio naquele horário e ouvir os primeiros acordes de O guarani, de Carlos Gomes, acompanhados de uma voz que dizia “Está no ar A voz do Brasil”.
Durante um bom tempo, eu tive certo horror de O guarani justamente por causa desse programa. Hoje, porém, o programa não é mais obrigatório, não precisa mais passar às sete da noite mesmo e tudo se resolveu.
No entanto, ouvi recentemente uma versão da música que me fez sentir saudades dA voz do Brasil. Melhor dizendo, fiquei pensando: se os acordes iniciais do programa fossem dO guarani em ska, eu talvez escutasse as notícias... Digo isso porque a versão que ouvi da música foi feita pela Orquestra brasileira de música jamaicana (OBMJ).
Idealizada por Sérgio Soffiatti e pelo trompetista Felippe Pipeta, a OBMJ tinha como ideia inicial tocar ritmos jamaicanos, como ska e reggae raiz, porém logo começaram a tocar também clássicos da música brasileira.
Influenciados não só pela música jamaicana, como também pelo jazz, os músicos interpretam canções próprias como “Ska Around the Nation”, além de “Águas de março”, “O barquinho”, “Trenzinho caipira”, “Carinhoso” e, é claro, “O guarani”.
Está no ar A voz do Brasil... Ops, O guarani, de Carlos Gomes, com a OBMJ!
Durante um bom tempo, eu tive certo horror de O guarani justamente por causa desse programa. Hoje, porém, o programa não é mais obrigatório, não precisa mais passar às sete da noite mesmo e tudo se resolveu.
No entanto, ouvi recentemente uma versão da música que me fez sentir saudades dA voz do Brasil. Melhor dizendo, fiquei pensando: se os acordes iniciais do programa fossem dO guarani em ska, eu talvez escutasse as notícias... Digo isso porque a versão que ouvi da música foi feita pela Orquestra brasileira de música jamaicana (OBMJ).
Idealizada por Sérgio Soffiatti e pelo trompetista Felippe Pipeta, a OBMJ tinha como ideia inicial tocar ritmos jamaicanos, como ska e reggae raiz, porém logo começaram a tocar também clássicos da música brasileira.
Influenciados não só pela música jamaicana, como também pelo jazz, os músicos interpretam canções próprias como “Ska Around the Nation”, além de “Águas de março”, “O barquinho”, “Trenzinho caipira”, “Carinhoso” e, é claro, “O guarani”.
Está no ar A voz do Brasil... Ops, O guarani, de Carlos Gomes, com a OBMJ!
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Eu podia estar matando, podia estar roubando, mas...
E aí que eu entrei no trem e, depois de uma estação, entra um rapaz de uns 25 anos, meio maltrapilho e começa a falar:
"Pessoal, um minuto da atenção de vocês! Desculpe atrapalhar a viagem, mas estou aqui porque estou desesperado. Sou catador de material reciclável, mas há umas duas semanas a prefeitura levou minha carroça embora e eu não posso trabalhar. Sou HIV positivo, HPV positivo e preciso trabalhar, por isso estou aqui pedindo uma ajuda, qualquer quantia, para poder comprar uma nova carroça e voltar a fazer este trabalho de reciclagem. Se alguém quiser ver, aqui tenho todos os papéis das Clínicas mostrando que eu sou doente."
Algumas pessoas, movidas pelo discurso triste e comovente, rapidamente procuraram em suas bolsas moedas e notas de dois reais para ajudar o pobre rapaz.
Após as doações, o rapaz fazia questão de agradecer a cada dizendo: "Obrigado e Deus que abençoe."
Eu, normalmente, me comovo e dou algum trocado que esteja perdido pela bolsa, ainda que história seja um tremendo caô. Mas, nesse caso, a história era tão ruim que eu realmente não consegui nem dar 10 centavos pro maluco ir embora.
O cara é tão político que, antes mesmo de começar a falar, já vai se desculpando e tenta conquistar todo mundo por sua condição de "desesperado".
Antes, eles chegavam dizendo "eu podia estar matando, podia estar roubando, mas estou aqui pedindo" ou "sou um ex-presidiário e não consigo arrumar emprego, por isso, pra não voltar pro crime, estou pedindo ajuda dentro dos coletivos..." e blá, blá, blá... Agora, o discurso tem toda uma preocupação ecológica, de sustentabilidade: "sou catador de material reciclável".
Aí, pra deixar a situação mais preta pro lado dele e mais comovente pro nosso lado, ele manda umas doenças ou inclui a família no discurso: "tenho cinco filhos pra criar, minha mulher está desempregada....". Nesse caso, nosso amigo escolheu a doença como amiga, mas peraí: HIV, tudo ok, mas HPV?!?!? Calmaê, rapaz, sua doenca é outra: como um homem pode ter HPV? Eu devia mesmo ter pedido os papéis pra dar uma olhada no caso dele, atesado pelas Clínicas!
Enfim, acho que o repertório de histórias dos pedintes dos trens, metrôs e ônibus está acabando e eles estão apelando. Podiam ao menos falar de coisas mais reais e mais convincentes, não?
"Pessoal, um minuto da atenção de vocês! Desculpe atrapalhar a viagem, mas estou aqui porque estou desesperado. Sou catador de material reciclável, mas há umas duas semanas a prefeitura levou minha carroça embora e eu não posso trabalhar. Sou HIV positivo, HPV positivo e preciso trabalhar, por isso estou aqui pedindo uma ajuda, qualquer quantia, para poder comprar uma nova carroça e voltar a fazer este trabalho de reciclagem. Se alguém quiser ver, aqui tenho todos os papéis das Clínicas mostrando que eu sou doente."
Algumas pessoas, movidas pelo discurso triste e comovente, rapidamente procuraram em suas bolsas moedas e notas de dois reais para ajudar o pobre rapaz.
Após as doações, o rapaz fazia questão de agradecer a cada dizendo: "Obrigado e Deus que abençoe."
Eu, normalmente, me comovo e dou algum trocado que esteja perdido pela bolsa, ainda que história seja um tremendo caô. Mas, nesse caso, a história era tão ruim que eu realmente não consegui nem dar 10 centavos pro maluco ir embora.
O cara é tão político que, antes mesmo de começar a falar, já vai se desculpando e tenta conquistar todo mundo por sua condição de "desesperado".
Antes, eles chegavam dizendo "eu podia estar matando, podia estar roubando, mas estou aqui pedindo" ou "sou um ex-presidiário e não consigo arrumar emprego, por isso, pra não voltar pro crime, estou pedindo ajuda dentro dos coletivos..." e blá, blá, blá... Agora, o discurso tem toda uma preocupação ecológica, de sustentabilidade: "sou catador de material reciclável".
Aí, pra deixar a situação mais preta pro lado dele e mais comovente pro nosso lado, ele manda umas doenças ou inclui a família no discurso: "tenho cinco filhos pra criar, minha mulher está desempregada....". Nesse caso, nosso amigo escolheu a doença como amiga, mas peraí: HIV, tudo ok, mas HPV?!?!? Calmaê, rapaz, sua doenca é outra: como um homem pode ter HPV? Eu devia mesmo ter pedido os papéis pra dar uma olhada no caso dele, atesado pelas Clínicas!
Enfim, acho que o repertório de histórias dos pedintes dos trens, metrôs e ônibus está acabando e eles estão apelando. Podiam ao menos falar de coisas mais reais e mais convincentes, não?
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Comprando e vendendo no sebo
Então, alguém me explica qual é a ideia do sebo? Eu não entendo muito bem como funciona esse tipo de "comércio"...
1. Chego lá pra vender pro moço um livro que custa R$37,00.
2. O cara me oferece R$5,00 pelo exemplar.
3. Aí, ele vende esse meu livro de 37 (mas que eu recebi 5 por ele) por: R$35,00.
Oi?
Será que é por isso que os sebos andam vazios? Compram a preço de feira e vendem a preço de livraria.
Moral da história: Ao invés de vnder livros no sebo, doe a uma biblioteca. Ao invés de comprar livros no sebo, compre na livraria - os livros saem pelo mesmo preço e ainda são novos! Procure um sebo somente em caso de livro raro e, mesmo assim, pense duas vezes antes de comprar.
1. Chego lá pra vender pro moço um livro que custa R$37,00.
2. O cara me oferece R$5,00 pelo exemplar.
3. Aí, ele vende esse meu livro de 37 (mas que eu recebi 5 por ele) por: R$35,00.
Oi?
Será que é por isso que os sebos andam vazios? Compram a preço de feira e vendem a preço de livraria.
Moral da história: Ao invés de vnder livros no sebo, doe a uma biblioteca. Ao invés de comprar livros no sebo, compre na livraria - os livros saem pelo mesmo preço e ainda são novos! Procure um sebo somente em caso de livro raro e, mesmo assim, pense duas vezes antes de comprar.
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